quarta-feira, 19 de março de 2014

Caerns (Pronuncia-se Keerns)


Filhote! Você nos vê “escolher” nossas batalhas? Deixar
nossas terras quando ameaçadas porque o inimigo é grande
demais, para que possamos lutar quando forem menos?
Filhote! Nossos inimigos sempre serão muitos! E sem nossos
lares seremos ainda mais fracos. Não, devemos lutar com
toda nossa força. Lutamos pela Avó Terra, para protegê-la
dos Estrangeiros da Wyrm e dos filhos da Serpente de Chifres.
Uma batalha pode estar perdida, mas nenhuma retirada pode
chegar a vitória!

— Lâmina Prateada, Chefe de Guerra da Seita da
Fúria dos Nomes Antigos - Chicago

Linhas de Defesa

Onde você encontra caerns? As imagens que vêm prontamente à mente são montes de terra e de pedra, topos de montanhas e bosques cobertos — locais longe do toque das mãos humanas. Mas, apesar dos rosnados de muitos lupinos, os trabalhos da humanidade não estão necessariamente distantes da espiritualidade. A profunda conexão espiritual de um caern pode ser encontrada em bares, monumentos, complexos de escritórios ou, até mesmo, cassinos.
A maioria dos caerns — certamente a maioria dos mais velhos — estão em áreas selvagens ou rurais. Isso é
apropriado, considerando que a maioria dos lobisomens remonta à força primordial de criação. Os campeões da Wyld estimam os locais primitivos do mundo, onde a corrupção da Wyrm ou o sufocante abraço da Weaver não tocou. Muitos Garou dizem que caerns necessitam de um tipo certo de harmonia espiritual e que qualquer influência externa — seja o toque de um inimigo, um estranho ou até mesmo um aliado inconsciente — estabelece pequenas ondas que podem, eventualmente, danificar o caern. Por essa razão, os lobisomens são duplamente vigilantes contra estrangeiros que possam “macular” o coração de um caern.
Uma minoria dos caerns pode ser encontrada nas áreas urbanas e, normalmente, são de duas variações. O
toque dos humanos com o passar do tempo pode “dar sabor” a um local e predispô-lo a se tornar um caern, como em uma instituição ou monumento nacional. Tal local reúne seu potencial apenas quando os sentimentos humanos a respeito do lugar são consistentes. Por exemplo, se um determinado bar sempre foi um local bem animado, ele pode atrair a ressonância do Humor, mas se um hospital onde incontáveis vidas foram salvas também viu numerosas mortes dentro de suas paredes, ele pode não atrair uma associação forte com a Cura. A outra espécie de caern urbano é, normalmente, bem jovem, tendo sido criada nas últimas décadas. Tipicamente mais da Weaver do que da Wyld, esses locais sagrados estão localizados em arranha-céus e centros computacionais onde a ordem e o padrão reinam supremos. Enquanto os caerns da Wyld lutam pela sobrevivência todos os dias, os novos caerns da Weaver estão prosperando.
Caerns suburbanos são, para todos os propósitos, inexistentes. Caerns selvagens não sobrevivem ao avanço
e poucos subúrbios possuem qualquer tipo de associação duradoura necessária para a conexão com o mundo espiritual para crescer. As pessoas fogem para os subúrbios para escapar da vida na cidade e assim, os deixam assim que o subúrbio fica grande demais para eles. Pântanos são drenados para matar mosquitos e acabam matando incontáveis outros animais que dependem da água e dos mosquitos para sobreviver. Apesar do que a televisão diz sobre o assunto, os subúrbios não são o local onde o espírito humano floresce. Infelizmente, todos esses fatores (e outros) significam que os caerns da Wyrm podem sobreviver e até mesmo prosperar nos subúrbios. Um caern selvagem é, tranquilamente, fácil de ser corrompido quando um projeto de habitação ou aterro sanitário é construído em cima dele. E loteamentos podem facilmente sustentar muita angústia, tristeza, luxúria e ódio como qualquer acúmulo urbano — fazendo o pior possível, pois eles são, normalmente, fechados. Afinal de contas, você não quer que seus vizinhos fiquem fofocando.

Áreas

O perímetro externo de um caern, conhecido como divisa, é, normalmente, onde os defensores externos da seita ficam. A divisa não é necessariamente circular ou quadrado, ou de forma regular. Ela pode assumir a forma de uma cadeia de montanhas ou vale, ou seguir um padrão que apenas Gaia sabe qual é. A extensão  riginal da divisa pode ter sido cortada por terras devastadas pelo desenvolvimento ou lixo — por exemplo, as divisas de um caern de Instinto Primitivo no Tennessee é circular exceto por um lado, onde a agricultura foi praticada até que os campos fossem abandonados décadas atrás. 
As divisas de um caern não são necessariamente um limite óbvio; porém, qualquer Garou, assim como certas criaturas não-Garou espiritualmente conscientes (alguns magos, psíquicos etc), pode sentir quando ultrapassa a divisa. A percepção pode discernir, às vezes, qual tipo de caern ele está entrando.
Qualquer que seja sua forma, a divisa normalmente tem um espaço fixo, mudando de tamanho apenas quando um caern altera seu poder. Assim como todo o resto, claro que há exceções — não se poderia esperar que a Wyld fosse se conformar com qualquer convenção. Por exemplo, o Caern da Água Azul, que consiste em uma ilha em um atol, tem uma divisa que para na beira d’água, crescendo e diminuindo de acordo com as marés.
Os limites de um caern não são necessariamente o limite de sua influência física. Os Garou frequentemente alocam seus Parentes fora das divisas, próximos o suficiente para vir caso necessário, e ainda capazes de vigiar e, caso necessário, enfrentar ou atrasar invasores antes que eles cheguem no solo sagrado. 

Tumba dos Heróis Sagrados

A morte é uma parte natural da vida; para os defensores de Gaia, é um visitante muito comum. Os lobisomens aceitam a morte, mas assim como todas as outras criaturas vivas, não a recebem de bom grado. Quando possível, a maioria dos caerns inclui um local para honrar seus caídos, onde os Garou podem lembrar seus companheiros de matilha. Ironicamente, esse local para reflexão pode também encorajar os guerreiros de Gaia pelo bom exemplo. Ter o nome e os feitos de glória honrados de tal maneira pela seita ensina aos Garou jovens que se eles forem bravos, eles também serão para sempre lembrados.
O cemitério normalmente é um lugar para reflexão, colocado distante das áreas de assembléia e convivência(apesar de que algumas seitas militares colocam os memoriais ao lado ou, até mesmo, dentro da área de assembléia, como um lembrete constante da glória de uma morte valorosa). Frequentemente, as marcas das sepulturas são sutis o suficiente para que apenas um Garou perceba — um glifo em um tronco de árvore ou pequenas pedras colocadas de uma maneira peculiar. Essas são, normalmente, marcas memoriais, não marcas de sepulturas físicas — toda seita de longa existência já viu mais lobisomens caírem em batalha do que possui um espaço para enterrá-los no cemitério do caern. Há espaço apenas para os maiores e mais valorosos — todos os outros estão na Tumba dos Heróis Sagrados simbolicamente, mas não fisicamente. Muitos Garou hominídeos são enterrados em cemitérios humanos junto com seus Parentes, e muitos lupinos são deixados nas matas onde nasceram; dessa forma o Garou retorna, pelo menos em parte, para o mundo de onde partiu há muito antes.
Todo caern possui sua própria forma de colocar seus membros da seita para descansar. Desde sua abertura a mais de mil anos atrás, a Seita das Dez Garras coloca seus mortos para descansar em montes de terra bem feitos, do tamanho apropriado aos feitos do guerreiro (apesar de que devido a considerações de espaço, os montes foram diminuindo com o tempo). A Seita da Acrófone coloca urnas funerárias de seus caídos em mausoléus de mármore, enquanto a Seita da Aurora Fumegante coloca seus mortos para descansar em pirâmides esquecidas nas profundezas da selva. A Seita da Generosidade de Gaia cuida de um arboreto cujas árvores são marcadas com os nomes dos que se foram; as cinzas dos mortos são espalhadas pelo vale para fertilizar as flores que nascem em desordenada profusão.
Por outro lado, caerns dominados por lupinos frequentemente não possuem um território memorial. Quando o espírito se vai, os corpos dos caídos são considerados irrelevantes para essas seitas e são levados para fora do lugar para apodrecerem. É dever do Menestrel manter as memórias vivas.
A menos que um caern urbano inclua um cemitério, é praticamente impossível de fato enterrar os membros da matilha no local. Em tais situações, um santuário de algum tipo é o comum. Os defensores do Caern da Forca (mantido em um grande pub) penduram fotos de seus caídos pelas paredes, enquanto a Seita da Palavra Sagrada devota metade de um andar em seu prédio de escritórios para um museu que celebra as memórias dos heróis, mostrando itens pessoais e um quiosque interativo que lista os momentos de glória de cada membro.

Como Se Sente?

Seres conscientes acham difícil descrever as energias místicas que marcam um caern. Se o poder pode ser ouvido, então a baixa frequência de fundo aumentaria de volume quando a divisa é ultrapassada. Se as energias podem ser farejadas, um leve odor iria aparecer. Para caerns fortes, a energia pode ser sentido como uma leve corrente elétrica, com um leve formigamento passando pela pele.
Devido as forças místicas de um caern serem “temperadas”, é possível um viajante sentir de que tipo é o caern que ele encontrou ainda nas divisas. Isso normalmente só é possível em pequenos caerns, mas o sentimento da textura do caern torna-se mais aparente à medida que se aproxima centro. Novamente, as palavras são inadequadas, mas nos caerns mais fortes, até mesmo humanos normais podem sentir a emoção dominante inspirada pelo caern. Um visitante em um caern de Calma pode achar o local apaziguador e relaxante, enquanto um humano próximo de um caern de Instinto Primitivo pode ser inspirado a se livrar das
amarras da civilização e viver uma vida mais primitiva. Para um lobisomem, essa influência pode ser mais pronunciada, crescendo mais forte com a proximidade do centro do caern; ela certamente seria óbvia em sua fonte. O centro de um caern de Fúria seria um lugar inapropriado para andar na lua cheia, mesmo sem o
Ritual de Abertura de Caern ser executado. 
Apesar de seu tipo, um caern pode também sertemperado pelo aspecto da Tríade mais próximo de seu alinhamento. Deve ser desnecessário dizer que a Wyld domina a maioria dos caerns de Gaia com uma força da Tríade secundária e a atmosfera do caern reflete isso de várias formas. A vida floresce no coração, mesmo que só de pequenas formas; plantas e cogumelos nascem rapidamente e morrem também rapidamente, vivendo suas vidas em ritmo acelerado. Os Garou sentem uma influência oculta de, por falta de palavra melhor, um potencial. Para muitos, isso parece uma promessa de que o amanhã pode ser melhor do que hoje. Isso traz um tipo de euforia para os lobisomens que vivem ali, um estímulo necessário em um mundo frio e de batalhas perpétuas, aparentemente fúteis, contra a corrupção e o desespero.
Num caern urbano (quase sempre controlado pelos Andarilhos do Asfalto) com laços com a Weaver, as coisas são “como elas racionalmente deviam ser”. As energias da Wyld são rapidamente canalizadas em trilhas lógicas. Existem poucas surpresas, já que os totens da Weaver desencorajam ativamente o caos e a entropia. Isso pode se manifestar de formas incomuns: uma moeda arremessada cai em coroa constantemente, Parentes que inconscientemente mantêm agendas precisas e pontuais, e assim por diante. A maioria dos Andarilhos do Asfalto está consciente sobre evitar que a influência da Weaver nos caerns os deixem fora de controle demais; eles reconhecem que a aleatoriedade é algo bom.
Infelizmente, não podemos esquecer que a Wyrm também possui seus lugares malditos. Corrupção, escuridão e mal existem em praticamente toda forma física nesses locais amaldiçoados. As colméias dos Espirais Negras carregam uma mácula que infecta tudo que ali entra, mas a manifestação em si varia. Dentro da Colméia do Manso Rompido, por exemplo, o ar é de uma putrescência encarnada e uma fraqueza nauseante mina a vitalidade dos lobisomens ligados a Gaia a partir do momento em que eles entram. O Poço da Alma Atrofiada é bem mais sutil, e os Garou passam horas dentro de seus túneis sem sentir nada pior do que sentiriam em uma caverna prístina. Dentro de alguns anos, esses mesmos Garou caem inevitavelmente em um Harano que apenas a morte pode encerrar, pois suas almas estão irrevogavelmente envenenadas pelas emanações místicas da Wyrm.

Área de Convivência

Muitos dos caerns maiores possuem áreas de convivência para a seita dentro das divisas. Elas podem ter a forma de uma casa de fazenda, um salão de campina, casa na árvore, caverna ou até mesmo algo transitório como uma tenda ou telheiro. Nas cidades podem ter a forma de um espaço de escritório, um quartel ou um duplex. O espaço de convivência é mais do que apenas lugares para dormir, comer e banhar. Bibliotecas de
histórias e culturas coletadas, forjas e oficinas, locais para estudo ou meditação, instalações para recreação ou exercícios físicos são comuns quando o espaço é disponível.
Caerns muito pequenos não podem ter o luxo de alojar a seita. Em tais casos, os membros da seita tentam ter seus lares o mais próximo possível das divisas. A comunicação e segurança tornam-se problemas para esses caerns — os líderes devem desenvolver formas de levar suas mensagens para os companheiros de seita rapidamente, seja através de telefonemas, mensageiros (humanos, espíritos ou outros), uivos, sinal de fumaça ou algo ainda mais inventivo. Pelo menos alguns Garou devem encontrar uma forma de estar no local a todo momento, pois nenhuma seita pode deixar seu caern completamente desprotegido.
Como pode ser esperado, os membros de Posto mais alto possuem mais espaço do que os outros. Isso é verdade mesmo quando o espaço não é limitado. Poucos Garou considerariam desafiar essa configuração sem uma necessidade emergente, uma vez que a hierarquia do status é tão fundamental para sua sociedade. Raramente isso sai do controle. Apenas os alfas mais tiranos deixariam a seita na chuva apenas porque uma casa seca “é de seu direito”; além disso, poucas seitas permitiriam tal tratamento desigual passar sem desafios por muito tempo.
Quando já está tudo resolvido, a idéia de um lobisomem de “espaço pessoal” pode ser bem diferente da idéia de um humano. A privacidade não é necessariamente garantida na área de convivência de um caern, principalmente se o caern foi influenciado por gerações de anciões lupinos. Muitos Garou precisam de algo mais do que um lugar para se esticar, um lugar para colocar algumas roupas secas e um lugar para suas necessidades — afinal de contas, dizem eles, o verdadeiro lar de um lobisomem é seu corpo. Lamentavelmente, essa atitude pode alienar os hominídeos e causou mais do que alguns problemas morais com jovens que passaram recentemente pela Mudança.

Santuários

Outra característica comum aos caerns é a existência de um ou mais santuários. Como o nome diz, um santuário é um local para meditar ou rezar. É um local para homenagear um espírito, dedicar vitórias a um totem ou pedir por ajuda. As matilhas geralmente possuem santuários dedicados a seus totens, apesar de que os Garou com laços pessoais com um espírito em particular (tal como um espírito Ancestral) podem manter um santuário pessoal.
Santuários podem assumir muitas formas, mas tipicamente contêm objetos ou correspondentes materiais para o espírito. O santuário de um totem de guerra pode ser decorado com as cabeças e armas dos inimigos, enquanto o de um espírito enigmático pode ser repleto de pôsteres de Escher e com incenso (outras idéias para itens e rituais para agradar espíritos podem ser encontrados em Axis Mundi: The Book of Spirits). Um santuário pode ser encontrado em uma pequena caixa em uma mesa, uma cabana de pedra em uma encosta de montanha, ou uma câmara em uma caverna, dependendo tanto do espaço disponível e da inclinação do espírito (e da matilha).
Devido ao fato de cada matilha poder ter um santuário (apesar de que nem todas o fazem), um caern poderia facilmente conter vários santuários espalhados entre suas divisas. Os Garou podem até mesmo manter a localização ou existência de um santuário em segredo do resto da seita, já que estes são sagrados e muito pessoais. A profanação do santuário de uma matilha é um insulto mortal para a matilha e para o totem; até mesmo um desrespeito casual pode fazer com que uma matilha procure o Mestre do Desafio para supervisionar um duelo.


Área de Assembléia

A área de assembléia é o coração social da seita. É o local onde a maioria das assembléias acontece, onde os desafios são cumpridos, onde os conselhos acontecem. A configuração de tal local varia consideravelmente, mas deve ser grande o suficiente para acomodar todos os membros da seita. A área de assembléia idealmente possui espaço para Garou visitantes, apesar de que em caerns verdadeiramente lotados, algumas seitas que passam por problemas de espaço conduzem suas assembléias na Umbra. Pelo menos uma seita dos Andarilhos do Asfalto reivindica ter suas assembléias em realidade virtual, apesar de que isso, certamente, é bastante ofensivo para os visitantes.
Assim como com o resto do caern, essa seção reflete o tipo do caern, totem e seita. Uma seita com um totem relacionado ao ar, como a Águia ou Vento normalmente é bem aberto aos elementos, enquanto um dedicado à Coruja ou um espírito das profundezas da floresta pode ser cercado por grandes árvores que bloqueiam o céu. Muitas áreas de reunião possuem espaços especiais para o líder da seita ou para os anciões; isso pode ser um trono, uma rocha ou até mesmo uma plataforma elevada de terra. Seitas especialmente igualitárias (que são raras, mesmo nas seitas dos Filhos de Gaia) podem não possuir essa característica, se recusando a erguer um ancião acima do resto. Um ponto central de foco, como uma árvore ou um anel de fogo, é comum (e apela ao senso de drama dos lobisomens). Memoriais de batalhas ou heróis são bem comuns também, onde os vivos podem olhar para as lembranças de feitos passados. No Caern do Céu Rasgado, a trilha para o círculo do conselho é alinhado com megálitos maçados com os contos das muitas grandes batalhas travadas no vale abaixo. Nove rochas circulam o local de encontro da Seita das Nove Coroas; seis das pedras são confeccionadas com semelhança de grandes líderes que conquistaram muitas vitórias gloriosas para a seita e os mestres artesãos esperam ansiosamente para entalhar o próximo da fila.
É considerado tradicional e apropriado conduzir desafios na área de assembléia, onde todos podem testemunhar o desafio. A maioria dos duelistas insiste no privilégio; qualquer rusga que requer um desafio é importante o suficiente para que a seita testemunhe a justiça sendo feita. A área de assembléia é também um
bom ponto de encontro em tempos de crise e as matilhas geralmente se reúnem ali ou próximo para ouvir as
notícias e anúncios.
As áreas de assembléia são normalmente facilmente identificadas como tal, simplesmente pela necessidade física de uma grande área com uma boa linha de visão para o centro. Antigos círculos de pedra, bosques, campos abertos ou crateras são locais de reunião comuns. A Seita da Forca se encontra no salão principal do bar, enquanto a Seita do Neon de Gelo se reúne em uma arena de patinação abandonado. Como era de se esperar, a Seita da Palavra Sagrada se reúne em uma grande sala de reuniões.

Coração do Caern

A parte mais sagrada de um caern é o seu centro. Se a área de assembléia é o coração social da seita, esse é o coração espiritual — o coração mais literal do caern. Claro, o centro nem sempre é o centro geométrico do caern; nem sempre há apenas um coração como o caern de triplo centro Brugh Na Boinne na Irlanda mostra claramente.
O coração do caern é onde a Película não existe e, assim, o local onde os rituais mais poderosos são conduzidos. Até mesmo um mortal comum pode sentir o poder de tal lugar, apesar de que como ele interpreta essa sensação varia; um ecologista em harmonia com Gaia poderia entrar num bosque sagrada com sussurros abafados de reverência, enquanto um contador escravizado pode sentir episódios de vertigem no Ampliando o Limiar É verdade que os Garou não precisam fazer um teste para percorrer atalhos no coração do caern; nem precisam de uma superfície refletora para fazê-lo. Na verdade, qualquer metamorfo dentro do coração de um caern — mesmo aqueles que não podem normalmente percorrer atalhos — podem entrar e sair da Umbra à vontade. Os espíritos que são capazes de Materializar podem fazê-lo no coração do caern com uma redução no custo de dez de poder. Porém, seres que não nasceram ou foram criados como parte espiritual em sua natureza — como humanos ou mesmo fomori — estão em grandes problemas em tal local.
Apesar da Penumbra e o mundo físico se justaporem no coração, não há garantias de que um humano que deixe o coração irá fazê-lo no mundo físico. É fácil demais acabar andando pela Umbra e nunca mais se ouvir falar da pessoa — principalmente humanos, vampiros e até mesmo magos sem a magia de Espírito são incapazes de afetar espíritos ou matéria espiritual. Apenas outra
razão pela qual um caern é um local inóspito para os não convidados... ambiente surreal (“gases de pântano?” ela pode pensar). Aqueles que portam uma mácula da Wyrm em suas almas podem tremer com o perigo e inquietude que sentem nesse local. Aqui a natureza espiritual do caern é mais forte — um caern de Fúria ferve com uma raiva palpável, enquanto um caern de Fertilidade é tão exuberante e acolhedor quanto o abraço de uma mãe. O coração de um caern é também o único local nesses últimos dias onde o mundo espiritual e físico estão verdadeiramente unidos. Um Garou que fique ali ganha uma visão surreal do caern e de seus habitantes; as estruturas e formações podem parecer bem diferentes, principalmente se eles possuem naturezas duplas. Espíritos e mortais podem estar juntos ainda que continuem sem perceber um ao
outro, mas o Garou no coração do caern os vê com igual claridade.


Umbra

Normalmente, apenas coisas materiais com um investimento espiritual e/ou grande idade estão presentes na Penumbra. Um novo laboratório pode não aparecer no mundo espiritual enquanto uma catedral, um carvalho gigante ou até mesmo uma velha casa na fazenda pode ser distinta. O conceito chave é relevância — as coisas que se mostraram importantes e focais para seus arredores, seja pela idade ou genuína emoção humana, são mais prováveis de possuir reflexos na Penumbra.
Em um caern, o afinamento da Película resulta em mais detalhes que passam para o outro lado. A maioria das características no reino físico pode ser vista e até mesmo sentida (bem, pelos metamorfos e outras criaturas capazes de tocar matéria espiritual) no reino espiritual. Na verdade, durante noites sagradas nos caerns mais poderosos é possível para os metamorfos atravessarem a Película acidentalmente!
Claro, as estruturas ou objetos na Penumbra podem não aparecer como os fazem nas terras iluminadas pelo Sol. Um terminal de computador normalmente parece como filamentos bagunçados de teia do outro lado da
Película, enquanto uma cerca viva bem cuidada e saudável pode parecer selvagem e abundante aos olhos espirituais. Novamente, a ressonância espiritual e até mesmo o simbolismo são mais importantes do que detalhes reais.
Apesar da maioria dos espíritos dormirem nos locais da Penumbra, o contrário é verdade em um caern. Até mesmo construções são capazes de possuir consciência espiritual. Os Theurges passam dificuldade em uma conversa com tantos seres Umbrais clamando por atenção. Isso pode se mostrar bastante envolvente e interessante para o Theurge de um jogador; os Narradores são estimulados a planejar várias oportunidades para um lua crescente entrar em contato com os espíritos locais. Isso ajuda a manter um Theurge envolvido e pode funcionar bem para desenvolver a distância entre um profeta e o resto de sua matilha (“Claro que é necessário. Você não ouve as pedras como eu. Não é de se surpreender que você não entenda”.).
Os espíritos locais possuem uma relação próxima e individual com os Garou de seu caern. Eles são mais rápidos em ajudar a seita, ensinar Dons ou transmitir conhecimento. Em troca, sábios Garou mostram deferência e executam serviços para os espíritos. Muitos Theurges insistem para que os membros da seita passem um bom tempo na Umbra para manter seus laços espirituais fortes. Eles também tentam manter a harmonia entre os espíritos do caern, pois qualquer discórdia ou disputa na Umbra repercutirá no reino físico.

Sustentando o Caern

Os Garou devem fazer mais do que proteger seu caern de ameaças externas — eles devem cuidar deles da mesma forma que um jardineiro cuida de uma frágil estufa de flores. Os detalhes, assim como quase tudo nesse capítulo, varia de seita e tribo. Uma parte quase universal da manutenção de um caern é a assembléia (detalhada em profundidade em Lobisomem Guia do Jogador). Assembléias mensais restauram as energias místicas que fazem do caern um local sagrado; essa energia é recuperada a partir dos próprios Garou, já que eles alimentam sua paixão no Festim sagrado que encerra uma assembléia.
Há outras maneiras de manter um caern saudável. O Garou que possui o cargo de Vigia da Terra se assegura que o caern esteja preservado; seja ajustando a configuração de construções para promover um “feng shui positivo”, ou fazendo os filhotes recolherem lixo e galhos caídos antes das assembléias, o esforço demonstra respeito pelos espíritos do caern e de Gaia. Entretanto, isso não funciona muito bem para todos os caerns; caerns de Instinto Primitivo e da Wyld, por exemplo, não retiram benefício algum de uma aparência ordeira.
Naturalmente, cada seita executa os antigos rituais com diferentes níveis de vigor, dependendo da personalidade geral da seita. Algumas, como a Seita da Bênção de Bridget, mantém rigorosamente todas as
tradições e rituais, fazendo com que cada dia no caern seja um dia de sagrada observação. Os Presas de Prata da Seita da Garra Brilhante seguem suas tradições, apesar de que, infelizmente, mais por aparências do que por vontade. Mesmo assim, praticamente todas as seitas são escrupulosas o suficiente para seguir os rituais básicos com a reverência apropriada, mas é bem comum reduzir os rituais menos conhecidos ou aparentemente menos relevantes.
Infelizmente nesses últimos dias, os caerns não são mais tratados com cuidado. Muitas seitas, principalmente
aquelas que perderam a orientação de seus anciões, são negligentes quanto aos rituais de assembléia. Seitas mais jovens possuem o mau hábito de ter as assembléias de maneira irregular ou negligenciam as responsabilidades de manutenção do caern. Frequentemente, atrito na guerra contra a Wyrm deixa as seitas com poucos membros para executar os rituais necessários ou com membros jovens demais e inexperientes para saber o que fazer. Até mesmo seitas velhas e estabelecidas podem simplesmente esquecer rituais importantes.
E, infelizmente, algumas seitas simplesmente ignoram as tradições. Algumas acham que os métodos antiquados não possuem relevância para a vida moderna dos Garou. Para outros, dançar em círculos, bater tambores perde a importância quando a Wyrm ameaça a existência de Gaia e dos Garou. Esses jovens frequentemente descobrem sua tolice da maneira mais difícil — da maneira muito mais difícil.
Independente da razão para negligenciar um caern, o preço por fazê-lo é grande demais. O poder do caern negligenciado começa a desaparecer e logo ele se torna dormente, com sua conexão espiritual destruída. Alguns poucos e trágicos caerns param de operar — sua magia se torna amarga e eles tornam-se especialmente suscetíveis à mácula da Wyrm. Dançarinos da Espiral Negra estão sempre de olho em tais locais, principalmente quando é fácil de tomar o território das mãos incompetentes que o controlam.

A Mecânica

Falando de forma geral, um caern ativo precisa que seus Garou o alimente a cada mês lunar, ao custo de cinco pontos de Gnose para cada nível do caern. A maior parte dessa doação normalmente vem no Festim, mas um lobisomem pode fazer uma doação de Gnose a qualquer momento. Tais doações podem assumir a forma física de meditação, dança selvagem ou o que mais for apropriado — mas o Garou deve fazer algo para conectar suas reservas interiores com seu lar. Não é como depositar um cheque em um caixa eletrônico — e vamos encarar, dramaticamente falando, não deveria ser.
Se um caern não é “alimentado” regularmente, ele cai em um estado inativo — perde sua ligação com seu totem (que se refugia na Umbra), a Película aumenta em seu coração e o Ritual de Abertura de Caern não retira mais seus poderes. Para reativar um caern, a seita deve executar o Ritual de Criação de Caern — que não é um feito simples.

Sustentando a Seita

Os Garou não podem sobreviver apenas da Fúria e da vontade. Eles precisam comer e precisam de abrigo.
Exceto por seitas isoladas e de lupinos, eles também precisam de, pelo menos, algumas conveniências modernas, como ferramentas, eletricidade, veículos, armas e telefones. Para adquirir essas coisas, normalmente é necessário dinheiro. Pela Fúria que queima dentro deles, para não mencionar seus deveres em defender o caern e Gaia, os lobisomens têm dificuldade em manter empregos. Com terra suficiente, uma seita selvagem pode subsistir, mas é só isso — nenhuma companhia elétrica aceitará o pagamento na forma de um quadril de cervo e algumas peles de lontras. Uma configuração mais comunal pode se sustentar e trocar por outros produtos básicos, mas qualquer coisa mais extravagante está além de suas capacidades. E isso não fala nada sobre a posse da propriedade — se a seita não possui o caern legalmente ou não pode pagar os impostos, ela se torna bastante vulnerável à compra por desenvolvedores de imóveis ou outros interesses menos nobres. A menos que o líder da seita seja rico (tal como o estereotipado Presa de Prata com uma antiga fortuna ou o recém milionário Andarilho do Asfalto), autônomo (com horas flexíveis!) ou possua concessões de estrangeiros que simpatizam com ele, a seita precisará encontrará uma forma de se sustentar. Algumas, principalmente entre os Roedores de Ossos, não possuem restrições quanto a pegar algum dinheiro ou bens de suas vítimas durante um ataque, mas isso é arriscado — o dinheiro de um executivo maculado pela Wyrm pode carregar máculas também.
Alguns acham irônico, outros apropriado, que os Garou frequentemente procurem seus Parentes para sustentá-los.

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